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O método McKenzie para a lombalgia (sub)aguda inespecífica
PONTOS CHAVE
- O método McKenzie proporciona pouco ou nenhum benefício em termos de dor e incapacidade em pessoas com dor lombar (sub)aguda não específica a curto prazo (≤ duas semanas) e a médio prazo (≤ três meses), quando comparado com um folheto educativo sobre dor lombar.
- O método McKenzie não proporciona benefícios na dor e na incapacidade em pessoas com lombalgia (sub)aguda inespecífica a curto prazo (≤ duas semanas) e a médio prazo (≤t rês meses), quando comparado com a manipulação ou mobilização da coluna vertebral.
- O método McKenzie não proporciona qualquer benefício em termos de dor e incapacidade em pessoas com lombalgia (sub)aguda inespecífica a curto prazo (cerca de duas semanas) e a médio prazo (cerca de três meses), quando comparado com massagem ou aconselhamento.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O Método McKenzie é um método muito popular de avaliação e tratamento da dor lombar, utilizado por fisioterapeutas em qualquer parte do mundo. O método baseia-se na ideia de que os sintomas de um doente podem ser aliviados através de exercícios, posturas e movimentos específicos (em clínica e em casa) que ajudam a "centralizar" a dor e a melhorar o movimento da coluna vertebral. Tal como a maioria dos métodos de avaliação e tratamento em fisioterapia, o método McKenzie foi implementado na prática clínica antes de qualquer avaliação sólida da sua eficácia.
Uma revisão sistemática bem conseguida, publicada recentemente na Biblioteca Cochrane, examinou se o método McKenzie é eficaz para reduzir a dor e a incapacidade em pessoas com dor lombar subaguda inespecífica.
A análise global das evidências sugere que, no caso da dor lombar, o tipo de exercício não é importante para o resultado.
MÉTODOS
Desenho do estudo: Revisão sistemática de ensaios controlados e aleatorizados.
População: Os ensaios tinham de incluir adultos com um episódio de dor lombar subaguda inespecífica, definida com uma dor com uma duração de seis a menos de 12 semanas. A dor lombar inespecífica foi definida como dor ou desconforto entre as costelas inferiores e as pregas glúteas, com ou sem dor nas pernas, em que não é possível identificar um fator estrutural específico de dor.
Intervenção: O Método McKenzie. O método tinha de estar em conformidade com o descrito pelo criador do tratamento (por exemplo, protocolo de tratamento em conformidade com a avaliação e a classificação, incluindo movimentos repetidos ou sustentados da coluna vertebral ou educação postural).
Comparações: Intervenção mínima - por exemplo, controlo em lista de espera, controlos com placebo ou inertes, ou ambos, intervenções educativas breves ou folhetos. Terapia manual - manipulação da coluna vertebral, mobilização da coluna vertebral ou massagem. Outros protocolos de exercício, excluindo os princípios do método McKenzie.
Resultados: Os principais foram a intensidade da dor e a incapacidade específica ao nível da coluna.
RESULTADOS
A revisão encontrou cinco ensaios clínicos. Dois estudos compararam o Método McKenzie com uma intervenção mínima, três compararam-no com terapia manual e um comparou-o com outras intervenções (massagem e aconselhamento).
Para o Método McKenzie versus intervenção mínima, a revisão concluiu que o Método McKenzie pode resultar numa ligeira redução da dor e da incapacidade a curto prazo.
Para o Método McKenzie versus terapia manual, a revisão concluiu que o Método McKenzie pode resultar em pouco ou nenhum efeito sobre a dor ou incapacidade.
Para o Método McKenzie versus outras intervenções (massagem nas costas e aconselhamento), a revisão encontrou pouca ou nenhuma evidência de que o Método McKenzie reduz a incapacidade.
LIMITAÇÕES
Os ensaios eram bastante pequenos, o que deixa incerteza nas estimativas. No entanto, um ponto forte da revisão é o facto de se centrar nos verdadeiros protocolos McKenzie. Outras revisões do Método McKenzie têm sido bastante liberais com a sua definição de McKenzie, turvando as águas das conclusões.
IMPLICAÇÕES CLÍNICAS
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O método McKenzie - tal como muitas outras abordagens em fisioterapia para as dores nas costas - é um bom exemplo de como as opiniões são mais fortes onde as evidências são mais fracas. As evidências atuais mostram que este tratamento não é eficaz, mas os cursos internacionais continuam a ser procurados. O ónus da prova recai sobre os defensores do tratamento, que devem demonstrar a sua eficácia. Atualmente, não consta nas diretrizes de prática clínica como uma opção de tratamento para a dor lombar. Esta situação manter-se-á inalterada após esta revisão. Os fisioterapeutas devem tratar as alegações de eficácia com ceticismo.
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A atividade física e o exercício são recomendados para a dor subaguda e crónica e podem ajudar a prevenir recorrências. A síntese global da evidência sugere que, no caso da lombalgia, o tipo de exercício não é importante para o resultado. Em vez disso, devemos concentrar as nossas atenções em fazer com que os pacientes se envolvam em qualquer exercício e o desenvolvam ao longo do tempo. A escolha do exercício pelos fisioterapeutas deve ser feita de acordo com as preferências, objetivos e limitações funcionais do paciente. Não devemos colocar barreiras no caminho dos nossos pacientes ao recomendar um programa de exercício específico - por exemplo, McKenzie ou qualquer outro método específico (1).
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A educação deve ter sempre um papel importante na gestão da lombalgia subaguda (2). Esta pode incluir informações sobre o prognóstico, os fatores de risco, a prevenção e as estratégias de autogestão.
+REFERÊNCIAS DE ESTUDO
MATERIAL DE APOIO
- O’Keeffe M, Maher CG, O’Sullivan K. Unlocking the potential of physical activity for back health. British Journal of Sports Medicine. 2017 May 1;51(10):760-1.
- Engers A, Jellema P, Wensing M, van der Windt DA, Grol R, van Tulder MW. Individual patient education for low back pain. Cochrane Database Syst Rev. 2008 Jan 23;2008(1):CD004057.