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Os moderadores do efeito do exercício terapêutico na osteoartrose do joelho e da anca: uma revisão sistemática e uma meta-análise de dados individuais dos participantes

Revisão realizada por Todd Hargrove info

PONTOS CHAVE

  1. O exercício para o tratamento da osteoartrose da anca e do joelho proporcionou melhorias ligeiras a moderadas na dor e na incapacidade.
  2. Os efeitos do tratamento foram maiores nos pacientes com níveis mais elevados de dor e incapacidade.

CONTEXTO E OBJETIVO

Ensaios aleatórios controlados têm demonstrado consistentemente que o exercício terapêutico é benéfico para a dor e a função física em pacientes com osteoartrose (OA) da anca e do joelho. No entanto, os resultados são variáveis e muitos pacientes não obtêm qualquer benefício. A investigação atual não fornece uma boa explicação para o facto de o exercício ajudar alguns pacientes e não ajudar outros.

Este estudo procurou esclarecer esta questão através da identificação de moderadores individuais, ao nível dos pacientes, do efeito do exercício terapêutico na OA do joelho e da anca.

Ensaios aleatórios controlados têm demonstrado consistentemente que o exercício terapêutico é benéfico para a dor e para a função física em pacientes com osteoartrose da anca e do joelho.
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Os tamanhos dos efeitos do exercício para a osteoartrose da anca e do joelho são suficientemente reduzidos para questionar se o exercício proporciona um benefício clínico significativo a longo prazo para o paciente médio.

MÉTODOS

  • Os autores identificaram 31 ensaios aleatórios controlados, com dados individuais de pacientes, que avaliaram o efeito do exercício em pessoas com OA do joelho ou da anca.

  • Estes estudos utilizaram 37 métodos de exercício diferentes, incluindo aeróbico geral, fortalecimento e ioga.

  • Os estudos também diferiram no rastreio dos dados individuais dos pacientes, que quase sempre incluíam a idade, a dor, o nível de incapacidade e o IMC, e menos frequentemente incluíam a auto-eficácia, a condição da articulação, a atividade física e a educação.

  • Foi efetuada uma revisão sistemática e uma meta-análise para identificar potenciais moderadores dos efeitos do exercício, sobre a dor e a incapacidade.

RESULTADOS

  • Em comparação com os controlos sem exercício, o exercício reduziu, em média, a dor em 6,36 pontos e melhorou a função em 4,4 pontos, ambos numa escala de 100 pontos. Os efeitos positivos diminuíram ao longo do tempo e foram maiores a curto prazo (12 semanas) do que a longo prazo (12 meses).

  • Os principais moderadores destes efeitos foram a dor inicial e a função física - os pacientes com níveis iniciais mais elevados de dor e incapacidade beneficiaram mais do exercício. Este efeito moderador foi mais forte a curto prazo e menos a longo prazo.

  • Não houve evidência que sugerisse que a idade, o IMC, a atividade física, a artrose, a auto-eficácia, o bem-estar mental, a comorbilidade, a força muscular (quadricípite), a educação, a duração da dor, ou a estrutura articular radiográfica moderassem o efeito do exercício na dor e na função física a curto, médio ou longo prazo.

  • Os autores concluíram que os benefícios clínicos do exercício para a OA da anca e do joelho eram questionáveis, e mais provavelmente benéficos para pacientes com níveis mais elevados de dor e incapacidade.

LIMITAÇÕES

  • Alguns potenciais moderadores foram medidos de forma inconsistente, pelo que pode não ter havido dados suficientes para detetar o seu efeito. Alguns potenciais moderadores não foram medidos de todo.

  • Os ensaios clínicos randomizados utilizaram diferentes métodos de exercício e os resultados podem ter sido diferentes para cada método.

  • Os resultados deste estudo foram mais reduzidos do que os de estudos anteriores, o que pode ter sido devido aos critérios de exclusão utilizados para selecionar os estudos.

IMPLICAÇÕES CLÍNICAS

As revisões sistemáticas e as meta-análises de ensaios clínicos aleatórios têm demonstrado consistentemente que o exercício terapêutico é benéfico para a dor e a função física em pacientes com OA da anca e do joelho (1). Foi demonstrada a eficácia de uma grande variedade de métodos de exercício (2).

No entanto, os tamanhos dos efeitos tendem a ser pequenos a moderados e diminuem ao longo do tempo (2). Para além disso, existe uma variabilidade individual considerável na resposta dos pacientes, sendo que pelo menos 50% dos pacientes não obtêm qualquer benefício (2).

A investigação atual não fornece uma boa explicação para esta variabilidade, porque as análises post-hoc têm um baixo poder estatístico para detetar moderadores do efeito do exercício (3).

Este estudo procurou identificar os moderadores do exercício terapêutico através da análise de dados individuais ao nível dos pacientes de 31 ensaios clínicos aleatórios diferentes que examinaram o efeito do exercício na dor da anca e do joelho.

Os principais resultados foram que: (1) os pacientes com níveis mais elevados de dor e incapacidade na fase inicial obtiveram mais benefícios; e (2) os tamanhos dos efeitos são suficientemente reduzidos para questionar se o exercício proporciona um benefício clínico significativo a longo prazo para o paciente médio.

+REFERÊNCIAS DE ESTUDO

Holden M, Hattle M, Runhaar J, Riley R, Healey E, Quicke J et al. (2023) Moderators of the effect of therapeutic exercise for knee and hip osteoarthritis: a systematic review and individual participant data meta-analysis, The Lancet Rheumatology, 5(7), E386-E400.

MATERIAL DE APOIO

  1. Goh SL, Persson MSM, Stocks J, et al. Efficacy and potential determinants of exercise therapy in knee and hip osteoarthritis: a systematic review and meta-analysis. Ann Phys Rehabil Med 2019; 62: 356–65.
  2. Teirlinck CH, Verhagen AP, Reijneveld EAE, et al. Responders to exercise therapy in patients with osteoarthritis of the hip: a systematic review and meta-analysis. Int J Environ Res Public Health 2020; 17: 7380.
  3. Sun X, Ioannidis JP, Agoritsas T, Alba AC, Guyatt G. How to use a subgroup analysis: users’ guide to the medical literature. JAMA 2014; 311: 405–11.